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Imagens de bebidas concorreram no prêmio Nikon de fotos microscópicas: Blood Mary. |
O meu primeiro porre foi no réveillon de 2003. Talvez tenha sido em 2004 ou 2002, não me recordo ao certo. Eu e mais quatro amigos nos reunimos no meu antigo trabalho. Cada um com algumas garrafas da bebida favorita: vodka, cerveja, vinho, uísque – a maior parte adquirida poucas horas antes, numa distribuidora nada ortodoxa que não sentia remorso em vender álcool para menores.
O resto é história: ligamos o som no máximo e bebemos. Não desejamos votos de felicidade, não trocamos palavras afáveis, nem tampouco fizemos quaisquer mandingas para ter sorte no ano que se iniciava. Apenas bebemos. E o único indício de que eu estava realmente de porre surgiu quando precisei caminhar até o banheiro: o piso teimava em esquivar-se dos meus pés. No momento em que desci a braguilha e joguei a cabeça para trás (os homens entendem a importância do gesto) senti o mundo girar numa velocidade incrível. Nunca tinha sido tão feliz.
Algumas horas depois a aridez da garganta e o cansaço do corpo nos empurraram porta a fora. Caminhamos até o final da rua conversando em paz. Na esquina nos despedimos e seguimos cada qual a direção da própria casa, satisfeitos.
A minha era a mais distante de todas. Quando cheguei me despi e deixei o frio da madrugada acalmar a brasa do meu corpo. Deitei e novamente o mundo girou – e a cada instante daquele carrossel o único pensamento que latejava na minha mente era o desejo daquela sensação nunca acabar. Não tive ressaca, nunca tive.
A partir daquele dia entendi o efeito da bebida nos homens. Entendo que todo ritual de celebração e luto deve ser guiado pelo torpor do álcool. Há certas coisas que nem o tempo pode mudar.
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Cosmopolitan |
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Dry Martini |
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Pina Colada |
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Saquê |
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Uísque |
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White Russian |
Um comentário:
Que lindo, agora vem pro dota!
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