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Fotos: Benedito Braga |
A primeira ideia que surge quando se propõe a escrever sobre algo é falar daquilo que se vivenciou, os laços que mantém com o assunto, compartilhar experiências e a sabedoria adquirida com ela – mesmo que na maioria das vezes o papel testemunhe apenas erros monumentais. O meu problema é outro: nunca participei da maioria dos assuntos dos quais escrevo. Os meus textos são, na maioria das vezes, expectativas. O que não impede que eu cometa os mesmos erros monumentais.
E entre todos os assuntos dos quais não domino, a beleza é o mais óbvio. Não sou bom com sensações e para falar sobre o belo é preciso bem mais do que normas gramaticais. É necessária uma sensibilidade para fazer da própria prosa o reflexo da arte. Novamente, me calo.
A verdade é que, mesmo analfabeto, o corpo impele a mão para os rabiscos. É a necessidade da alma de se fazer escutar mesmo que por meios obtusos. E são nesses rastros amorfos de grafite que resta a vida.
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