sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Frescobol de Luxo


O frescobol é um esporte genuinamente brasileiro criado no Rio de Janeiro na década de 1950. A moda pegou no exterior e agora os gringos lançaram um jogo de raquetes de luxo para a prática do esporte. No anúncio eles avisam que o design é inspirado em Copacabana e que a madeira também é tupiniquim - agregando toda uma cultura carioca às raquetes.


Não pude deixar de recordar o mestre Millôr Fernandes, jornalista, escritor, tradutor, jedi e um dos fundadores do jogo. No texto a seguir ele explica como foi criado o esporte número um das praias do Rio de Janeiro (fora o arrastão, claro).

"Pensando bem (dói um pouco), tomei como assunto o frescobol, de cuja criação me orgulho de ter participado, jogando com as primeiras bolas e raquetes (estas pesavam uma tonelada) que apareceram no Posto 4, no início dos anos 50. Atleta por vocação (não tenho nada a ver com intelequitoal), o Frescobol foi um esporte que cheguei a jogar bastante bem. Esporte maravilhoso, praticado à beira mar - os participantes quase nus - de tempo em tempo interrompido por um mergulho refrescante, o Frescobol é elegante e dinâmico o tempo todo, beneficiando-se ainda da sorte inaudita de nunca nenhum idiota ter tido a idéia de lhe traçar normas, aferir pontos - permanece até hoje uma atividade pura. Há competição, mas não formalizada, pontificada. Não há vencidos nem vencedores. Portanto sem possibilidade de violência. Segue meu princípio; 'O importante é nem competir.', diferente do conceito hipócrita do Conde de Coubertin: 'O importante é competir.' Em 1961, ambos viciados, addicts, do esporte, o colecionador Gilberto Chateaubriand e eu tentamos introduzi-lo no Egito, adentrando o gramado de um clube granfino do Cairo e jogando frescobol durante meia hora. O Nasser ficou boquiaberto com aquela invenção, que desde então passou a chamar de terceiro mundo. O terceiro mundo não colou, o esporte sim. Deixei de jogar Frescobol quando a polícia começou a perseguí-lo. Briguei algumas vezes e, como tive que correr pra não apanhar, passei a correr. Agora algumas vezes apenas ando, mas logo desisto e começo a correr, porque, se ando, a moçada comenta, me vendo passar: 'Puxa, ele ainda anda!'" 

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