sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Os cadáveres do humanismo
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Artigo no blog do senador Demóstenes
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Nas noites de terça
As mãos percorriam minha barba enquanto um olhar minucioso avaliava meus lábios e olhos. A boca dela se retorceu por um segundo enquanto media o tamanho e o formato das orelhas, ampliando ao máximo o suspense da crítica. Prendi a respiração para ouvir veredito: –“É... até que você é bonitinho”. O resultado não poderia ser melhor, admito. Confesso ainda que o fato de ambos estarmos nus naquela cama surtiu um efeito positivo sobre a jurada – mas nada que possa ser configurado como compra de votos, fiquem tranquilos.
Nos deixamos ficar ali, espreguiçados, apenas relaxando sob o ar condicionado por alguns minutos. Tudo parecia tranqüilo e até mesmo sugeri que passássemos a noite juntos. Ela voltou a aninhar-se no meu peito a acariciar minha barba. Ergueu a outra mão e fez festa nos meus cabelos. Talvez estivesse mesmo arrumando um penteado ou algo assim. Depois de terminar os ajustes, me encarou nos olhos com uma sinceridade esmagadora. “ – Você precisa de alguém para cuidar de você”, e me beijou nos lábios. Logo em seguida apanhou a toalha e foi para o chuveiro.
Ficamos a sós. Eu e as minhas imagens refletidas em centenas de espelhos espalhados pelo quarto. Acendi um cigarro e comecei a pensar naquela frase. Não nos conhecemos há muito tempo e, para falar a verdade, estou com ela mais pela carência de uma rejeição recente. Não me acusem, a garota também não é apenas bondade. Mas enfim, formamos um casal de apoio mútuo e está bom assim. Apesar de tudo isso, a frase martelava insistentemente na minha cabeça. De súbito vi que estava na merda. Um conselho desses (“você precisa de alguém para cuidar de você”) só é dado para alguém que vai de mal a pior.
Ela voltou a deitar-se ao meu lado, desta vez com os cabelos molhados. As gotas espalhavam-se entre nossos corpos e encharcavam todo o colchão. Não achei ruim, pelo menos refrescava ainda mais aquela noite infernal – o ar condicionado não era dos melhores, afinal de contas. Acendemos cigarros e ficamos parados, tentando prolongar ao máximo aqueles minutos de prazer. Desisti de tentar compreender o porquê daquele conselho. A verdade é que eu realmente preciso de alguém para cuidar de mim – e ela sabia que não seria capaz de cumprir a tarefa, ou simplesmente não se importa.
Os fios rudes
A vantagem de trabalhar viajando constantemente é o tempo disponível para tirar um cochilo entre uma parada e outra. O desconforto, o sacolejo incessante provocado pela estrada cheia de buracos e as constantes cabeçadas no vidro da janela – e o conseqüente torcicolo de cada dia – não são nada comparados ao solitário prazer de puxar uma palha no meio da tarde. No meu caso, valorizo ainda mais esses momentos de ócio porque consigo, de certa forma, conduzir meus pensamentos nesse estado de torpor. Uma espécie de sonho lúcido.
A ideia é ridícula, mas é a mais pura verdade. Basta sentar no banco e me aconchegar para enfrentar 500 km de estrada e me entrego inteiramente ao sono. As imagens começam a surgir logo depois. Na última viagem, por exemplo, enquanto meus companheiros deliciavam-se com as tonalidades do meu ronco, me vi em algum lugar campestre, uma casa aconchegante – e uma filha. O enredo não interessa, mas a sensação de caminhar ao lado daquela criança é indescritível.
Não foi o meu primeiro encontro com a menina, minha filha. Nos vimos em outros lugares, algumas vezes urbanos, caóticos, paradisíacos; mas sempre acompanhados, nutrindo uma sensação de confiança mútua. Muitas vezes desejei não acordar. Não queria abandoná-la em algum ponto da minha mente, desamparada. Acordar significa, acima de qualquer coisa, que ela deixa de existir. Talvez tudo isso seja um pouco de carência, eu sei. No final, sempre acreditei que o único amor incondicional é o paternal.
Uma coisa que sempre chama minha atenção nos meus sonhos é que a minha filha gosta da minha barba. Quando a seguro em meus braços, a sua mãozinha sempre procura os fios emaranhados e rudes no meu rosto. A mesma mania que tenho quando estou sozinho: acariciar a barba. Certa vez uma mulher me flagrou fazendo isso e disse que era sinal de carência – não a contestei. Ela não era próxima, tampouco tinha minha simpatia, mas aquela senhora fez algo que nunca vou esquecer. Ela me puxou pelos braços e me deu um abraço de uns cinco minutos. E em contato com aquele corpo tão desprezado, nunca fui tão querido.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Luzes da China
Neste mês os habitantes de Poznan, na Polônia, quebraram o recorde mundial e lançaram oito mil lanternas chinesas nos céus da cidade para marcar a noite mais curta do ano. No vídeo acima é possível ver alguns minutos do espetáculo.
Não sei como foi organizado o evento e quais foram as recomendações do corpo de bombeiros e da polícia, mas levanta dúvidas sobre a segurança de algo tão grandioso. A música ao fundo só acrescenta à beleza da cena.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
O copeiro e o marajá
O presidente da CCT, Eduardo Braga, estava com tudo preparado pra iniciar a audiência pública, quando o copeiro teve problemas para servir os convidados estrangeiros. "Não estou entendendo porra nenhuma", disse o funcionário para Hajiv. Braga imediatamente solicitou uma tradutora, enquanto os demais senadores se divertiam com a cena. Logo após a chegada da profissional, o copeiro descobriu que o empresário indiano queria apenas café. "Por que não fez um sinal então, ué?", ainda questionou o copeiro. O episódio passou batido na imprensa nacional.

segunda-feira, 27 de junho de 2011
Além do Meia Ponte
New Yorker para iPad
A tecnologia é, de certa forma, redentora. São inúmeras as possibilidades de conseguir algo realmente bom com um pouco de paciência. Depois de alguns anos buscando alternativas para ler a The New Yorker sem precisar pagar cerca de R$ 25 pilas por edição, finalmente consegui assinar a revista pelo IPad. Tenho o que quero e por um preço justo. Compartilho com vocês três cartoons das duas últimas edições. Genial.



quarta-feira, 4 de maio de 2011
A Marca de Cain
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Chupa, James Cameron
domingo, 10 de abril de 2011
Storm, por Tim Minchin
Storm
Inner North London, top floor flat
All white walls, white carpet, white cat,
Rice Paper partitions
Modern art and ambition
The host’s a physician,
Lovely bloke, has his own practice
His girlfriend’s an actress
An old mate from home
And they’re always great fun.
So to dinner we’ve come.
The 5th guest is an unknown,
The hosts have just thrown
Us together for a favour
because this girl’s just arrived from Australia
And has moved to North London
And she’s the sister of someone
Or has some connection.
As we make introductions
I’m struck by her beauty
She’s irrefutably fair
With dark eyes and dark hair
But as she sits
I admit I’m a little bit wary
because I notice the tip of the wing of a fairy
Tattooed on that popular area
Just above the derrière
And when she says “I’m Sagittarien”
I confess a pigeonhole starts to form
And is immediately filled with pigeon
When she says her name is Storm.
Chatter is initially bright and light hearted
But it’s not long before Storm gets started:
“You can’t know anything,
Knowledge is merely opinion”
She opines, over her Cabernet Sauvignon
Vis a vis
Some unhippily
Empirical comment by me
“Not a good start” I think
We’re only on pre-dinner drinks
And across the room, my wife
Widens her eyes
Silently begs me, Be Nice
A matrimonial warning
Not worth ignoring
So I resist the urge to ask Storm
Whether knowledge is so loose-weave
Of a morning
When deciding whether to leave
Her apartment by the front door
Or a window on the second floor.
The food is delicious and Storm,
Whilst avoiding all meat
Happily sits and eats
While the good doctor, slightly pissedly
Holds court on some anachronistic aspect of medical history
When Storm suddenly she insists
“But the human body is a mystery!
Science just falls in a hole
When it tries to explain the the nature of the soul.”
My hostess throws me a glance
She, like my wife, knows there’s a chance
That I’ll be off on one of my rants
But my lips are sealed.
I just want to enjoy my meal
And although Storm is starting to get my goat
I have no intention of rocking the boat,
Although it’s becoming a bit of a wrestle
Because - like her meteorological namesake -
Storm has no such concerns for our vessel:
“Pharmaceutical companies are the enemy
They promote drug dependency
At the cost of the natural remedies
That are all our bodies need
They are immoral and driven by greed.
Why take drugs
When herbs can solve it?
Why use chemicals
When homeopathic solvents
Can resolve it?
It’s time we all return-to-live
With natural medical alternatives.”
And try as hard as I like,
A small crack appears
In my diplomacy-dike.
“By definition”, I begin
“Alternative Medicine”, I continue
“Has either not been proved to work,
Or been proved not to work.
You know what they call “alternative medicine”
That’s been proved to work?
Medicine.”
“So you don’t believe
In ANY Natural remedies?”
“On the contrary actually:
Before we came to tea,
I took a natural remedy
Derived from the bark of a willow tree
A painkiller that’s virtually side-effect free
It’s got a weird name,
Darling, what was it again?
Masprin?
Basprin?
Asprin!
Which I paid about a buck for
Down at my local drugstore.
The debate briefly abates
As our hosts collects plates
but as they return with desserts
Storm pertly asserts,
“Shakespeare said it first:
There are more things in heaven and earth
Than exist in your philosophy…
Science is just how we’re trained to look at reality,
It can’t explain love or spirituality.
How does science explain psychics?
Auras; the afterlife; the power of prayer?”
I’m becoming aware
That I’m staring,
I’m like a rabbit suddenly trapped
In the blinding headlights of vacuous crap.
Maybe it’s the Hamlet she just misquothed
Or the eighth glass of wine I just quaffed
But my diplomacy dike groans
And the arsehole held back by its stones
Can be held back no more:
“Look , Storm, I don’t mean to bore you
But there’s no such thing as an aura!
Reading Auras is like reading minds
Or star-signs or tea-leaves or meridian lines
These people aren’t plying a skill,
They are either lying or mentally ill.
Same goes for those who claim to hear God’s demands
And Spiritual healers who think they have magic hands.
By the way,
Why is it OK
For people to pretend they can talk to the dead?
Is it not totally fucked in the head
Lying to some crying woman whose child has died
And telling her you’re in touch with the other side?
That’s just fundamentally sick
Do we need to clarify that there’s no such thing as a psychic?
What, are we fucking 2?
Do we actually think that Horton Heard a Who?
Do we still think that Santa brings us gifts?
That Michael Jackson hasn’t had facelifts?
Are we still so stunned by circus tricks
That we think that the dead would
Wanna talk to pricks
Like John Edwards?
Storm to her credit despite my derision
Keeps firing off clichés with startling precision
Like a sniper using bollocks for ammunition
“You’re so sure of your position
But you’re just closed-minded
I think you’ll find
Your faith in Science and Tests
Is just as blind
As the faith of any fundamentalist”
“Hm that’s a good point, let me think for a bit
Oh wait, my mistake, it’s absolute bullshit.
Science adjusts it’s beliefs based on what’s observed
Faith is the denial of observation so that Belief can be preserved.
If you show me
That, say, homeopathy works,
Then I will change my mind
I’ll spin on a fucking dime
I’ll be embarrassed as hell,
But I will run through the streets yelling
It’s a miracle! Take physics and bin it!
Water has memory!
And while it’s memory of a long lost drop of onion juice is Infinite
It somehow forgets all the poo it’s had in it!
You show me that it works and how it works
And when I’ve recovered from the shock
I will take a compass and carve Fancy That on the side of my cock.”
Everyones just staring at me now,
But I’m pretty pissed and I’ve dug this far down,
So I figure, in for penny, in for a pound:
“Life is full of mystery, yeah
But there are answers out there
And they won’t be found
By people sitting around
Looking serious
And saying isn’t life mysterious?
Let’s sit here and hope
Let’s call up the fucking Pope
Let’s go watch Oprah
Interview Deepak Chopra
If you’re going to watch tele, you should watch Scooby Doo.
That show was so cool
because every time there’s a church with a ghoul
Or a ghost in a school
They looked beneath the mask and what was inside?
The fucking janitor or the dude who runs the waterslide.
Throughout history
Every mystery
Ever solved has turned out to be
Not Magic.
Does the idea that there might be truth
Frighten you?
Does the idea that one afternoon
On Wiki-fucking-pedia might enlighten you
Frighten you?
Does the notion that there may not be a supernatural
So blow your hippy noodle
That you would rather just stand in the fog
Of your inability to Google?
Isn’t this enough?
Just this world?
Just this beautiful, complex
Wonderfully unfathomable, NATURAL world?
How does it so fail to hold our attention
That we have to diminish it with the invention
Of cheap, man-made Myths and Monsters?
If you’re so into Shakespeare
Lend me your ear:
“To gild refined gold, to paint the lily,
To throw perfume on the violet… is just fucking silly”
Or something like that.
Or what about Satchmo?!
I see trees of Green,
Red roses too,
And fine, if you wish to
Glorify Krishna and Vishnu
In a post-colonial, condescending
Bottled-up and labeled kind of way
Then whatever, that’s ok.
But here’s what gives me a hard-on:
I am a tiny, insignificant, ignorant lump of carbon.
I have one life, and it is short
And unimportant…
But thanks to recent scientific advances
I get to live twice as long
As my great great great great uncleses and auntses.
Twice as long to live this life of mine
Twice as long to love this wife of mine
Twice as many years of friends and wine
Of sharing curries and getting shitty
With good-looking hippies
With fairies on their spines
And butterflies on their titties.
And if perchance I have offended
Think but this and all is mended:
We’d as well be 10 minutes back in time,
For all the chance you’ll change your mind.
Parkour
Tempest Freerunning Academy from The Cool Hunter on Vimeo.
domingo, 3 de abril de 2011
Partir, andar
quinta-feira, 31 de março de 2011
O pé rachado e a terra vermelha
![]() |
Passado: Antiga Igreja em frente à rodoviária |
“Voltou?”, perguntei sabendo de antemão a resposta. “O médico não aconselha, mas velhos hábitos não acabam de uma hora para outra”, respondeu com pesar na voz. “Faz bem. Não se trabalha uma vida inteira para abdicar dos prazeres no fim da vida”, disse enquanto me entregava ao meu próprio vício. Não precisávamos de conversas profundas. O velho estava morrendo e eu acreditava piamente na inutilidade de conselhos vazios.
Ele sentou-se ao meu lado e repetiu as velhas piadas de minha infância. Afagou minhas memórias e depois foi embora, caminhando pelas ruas esburacadas. Foi quando lembrei do tempo em que, mais tarde, quando o sol estivesse a pico, eu e os primos sairíamos em seu encalço, levando nas mãos a marmita com o almoço. E, chegando na pequena rodoviária, ficaríamos vigiando a banca de frutas enquanto o avô comia.
Ainda antes de nos retirarmos para brincar, o velho fomentava em pequenas lições o nosso gosto pela labuta. Descascava laranjas e as ajeitava em sacos, entregando para cada um dos netos a sua cota de trabalho. E logo nos enfurnávamos nos ônibus e entre os passageiros que aguardavam nos bancos a sua vez de pegar a estrada. No final, o dinheiro era dividido junto com meia dúzia de conselhos – e então partíamos em disparada rumo à mercearia para adoçar o resto da tarde.
Naquele tempo as marcas em seu rosto ainda não eram tão acentuadas e nada era tão importante para os primos do que simplesmente ter tempo para sentar e comer na casa de meus avós. Não resta mais tanto tempo. Nem para nós, nem para eles. E nem mesmo o velório do velho, tanto anos depois, foi capaz de nos reunir mais uma vez em torno da velha mesa. Não há culpados, compreendo. Eu, que muitas outras vezes falhei na responsabilidade de mais velho, não tive nada a dizer.
Agora volto a observar o trabalho artesanal no jardim. A terra tingindo de rubro o calcanhar gasto de minha avó. As mãos trêmulas deitando fora os espinhos com a tesoura. O sol castigando a pele enrugada pelo tempo – o que me faz pensar no quanto ainda resta. Eu não era a melhor influência e sabia disso. Não tinha a prudência na palavra e tampouco acreditava em mudanças de última hora. É fácil optar por esse caminho quando ainda se tem a vida pela frente, outra coisa é seguir por essa trilha quando só lhe restam um bocado memórias.
Luzine, Luzine
O impacto é brutal. Basta olhar para o lado e notar os homens atônitos e as mulheres em desespero. No meio de tamanho furor sexista, me pergunto apenas como estará o marido, namorado ou amante da modelo ao notar que a mulher com quem divide a cama é, para o resto da cidade, um objeto de desejo de dez metros de altura.
"É apenas um anúncio", lamento engrenando a primeira. "É apenas um anúncio", defendem-se as outras dezenas de motoristas para as namoradas neuróticas. "É apenas um anúncio", argumenta uma das protagonistas para um companheiro menos compreensível. "Não faz sentido preocupar-se com uma propaganda" - concordamos solidários inconscientemente. "Ou não", reflito de segunda.
Penso nisso enquanto observo todos os motoristas disparando pela pista, de volta para a velha função de provedores. Para o apartamento alugado, para a sessão da Tela Quente e para a comida congelada. Não, o outdoor é uma porta de saída do nosso mundo medíocre para algo maior. Para aventuras românticas em Paris, para a paquera ardente na academia, para a surpreendente lingerie da vizinha recatada.
Pouco importa que seja publicidade, que esse paraíso fotográfico esteja atrelado a compra de uma calça de duzentos reais, ou em refrigerantes de baixo teor calórico. Nós queremos mesmo é a deusa sorridente e convidativa do comercial. E se o preço dessa proximidade fajuta for um perfume de trezentos contos, não falta quem passe o cheque. Eu sei, a modelo sabe e até mesmo o seu marido, namorado ou amante tem conhecimento.
O que mantém a sanidade dessas relações é que sem o jogo de luz dos expositores, toda magia vira o mais chocho fogo de palha. Estivesse a referida modelo tomando ki-suco, de sandália de tira, no boteco do Carlão, a imensa maioria dos homens boquiabertos no sinal não dariam a mínima. É demasiado terreno para nossas fantasias sexuais. Não valeria o suor depositado no carnê das Casas Bahia.
O marido, namorado ou amante da modelo sabe disso. Assim como tantos, ele nota o burburinho diante da sua amada ampliada cinco, dez vezes. Ele desfruta da ambigüidade do ciúme e do orgulho da própria masculinidade. E, no fundo, ele rumina o único segredo que o distingue dos tantos outros homens naquele momento. Ele sabe que, no fundo, a modelo tem frieira no pé.